Ao término da missa, as imagens dos santos e a cruz são colocadas nos andores para dar início a procissão que começa com emocionante queima de fogos. O primeiro andor é o da Santa Cruz, seguido pelo de São Pedro e por último o de São Sebastião.
A tradição de só as moças carregarem o andor da Santa Cruz, assim como os futuros pescadores o de São Pedro, e os demais devotos o de São Sebastião, cedeu espaço para que qualquer um possa carregá-los, principalmente os que estão pagando alguma promessa ou agradecendo alguma graça alcançada. O padre vai logo após o andor da Santa Cruz e junto com ele, os fiéis cantam e oram os hinos e preces “puxados” pela ministra da Eucaristia.
No decorrer da procissão, a qual dá uma volta completa na praia, os fogueteiros acompanham o cortejo soltando seus rojões para o alto, como que abrindo as cortinas do céu aos louvores e hinos cantados a várias vozes e vivas aos santos. A paz é contagiante e todos, num corpo místico e único, transpiram felicidade, harmonia e amizade.
Após a procissão a igreja volta a ficar lotada de fieis que cantam emocionados enquanto recebem a benção do padre. Encerrada a cantoria, as atenções se voltam para o salão paroquial ao lado da igreja, onde será realizado o leilão - principal fonte de renda para a próxima festa.
O leiloeiro - Seu Zé -, ao “cantar” com voz arrastada e divertida as prendas, arranca sorrisos e gargalhadas dos nativos e forasteiros que travam acirrada disputa pelos lotes de alimentos e bebidas: queijos, frango-assado, pães com a forma de jacaré, latas de conservas, vinhos, whisky, batidas, entre outras mercadorias que alcançam preços bem superiores ao valor dos produtos.
- Temos aqui uma garrafa de Whisky Red não sei o quê, mais uma peça de queijo minas, um pão jacaré e uma lata de salsichas. Quanto vale todas essas delícias? Pergunta o leiloeiro.
Alguém levanta a mão espalmada e o leiloeiro logo anuncia:
- CINQUEEEEENTA reais eu tenho por tudo isso aqui... Quem dá mais? Vamos lá gente! Só o whisky Red não sei o quê vale o dobro... Cinquenta reais, cinquenta reais dou-lhe uma... Cinquenta, cinquenta dou-lhe duas... SESSEEEEEENTA! Sessenta reais eu tenho agora e você (apontando para quem fez a oferta de cinquenta) não toma mais whisky sei lá o quê e nem come queijo...
Começa a disputa entre os participantes para a empolgação do leiloeiro que não para de anunciar:
- Oitenta dou-lhe uma... CEM!!! Cem reais dou-lhe duas... Cento e sessenta dou-lhe três.
O leilão demora horas até que a última prenda seja arrematada e o salão abra espaço para o grande baile, do qual participa todo o povo do Aventureiro e seus visitantes - jovens de todas as idades e de tribos diferentes. Como já cantou Tim Maia: “Só não vale dançar homem com homem e nem mulher com mulher.” As mulheres ficam sentadas nos bancos e cadeiras a espera que os homens a tirem para dançar. Não importa se são casadas ou se os maridos estão presentes: qualquer homem pode convidá-las para o arrasta-pé que não tem hora para acabar.
A Lua já ia alta quando em fim, as barraquinhas começaram a vender seus quitutes aos famintos convidados - doces, salgados, cachorro quente e churrasquinhos preparados pelas mulheres da comunidade.
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